OPINIÃO | MORS TUA, VITA MEA

Autor(a): Vanessa Santos; Data da 1ª Edição: Maio de 2015; Editora: Chiado Editora


Sinopse: 

Sou a Sara, e estou agoniada, desesperada, com suores frios, o mundo ganhou profundidade, está calor, não, é frio, estou tonta. Tirem-me daqui, por favor.
É assim que se inicia o relato de Sara, a rapariga mais comum da cidade de Leiria. É-lhe transmitido pelo seu chefe um segredo de família que lhes trará dificuldades e mudanças.
Em pouco tempo, Sara verá a sua vida dar uma volta de 180º, viverá momentos de pânico, medo e de pura paixão.
Trata-se de um relato divertido, que descreve o desenrolar da trama de uma forma leve, dando a conhecer o ponto de vista de uma jovem na casa dos vinte anos e no auge da sua imaginação, descrevendo as cenas que vive com à-vontade e humor.

Opinião:

Confesso que quando comecei a ler Mors Tua, Vita Mea fui surpreendia por um conjunto de diferentes razões que me deixaram receosa: primeiro, porque foi o primeiro livro que recebi através de uma editora/autor(a) de forma a poder escrever uma opinião honesta (o que por si só já lhe confere uma responsabilidade maior); depois porque o livro é enorme, o que era um entrave à próxima razão; uma ressaca literária que durou cerca de 1 ano e 3 meses. Muito tempo se passou desde que terminei uma obra por inteiro, daí o meu medo. Felizmente, consegui acabá-la e hoje estou aqui para vos contar a minha experiência. Senti-me compelida a escrever uma opinião mais completa e cuidada do que aquela que já apresentei no Goodreads.
Antes demais, gostaria de agradecer à Vanessa pelo convite e por toda a disponibilidade para responder ás inúmeras questões que lhe coloquei. Ela foi impecável! De igual forma, um grande obrigado à Chiado Editora, pois de outra maneira, nada disto seria possível.
Drama, mistério, romance são alguns dos ingredientes que compõe esta narrativa de cortar a respiração. Aconselho vivamente a todos os leitores adeptos do género policial! O livro conta a história de Sara Ramos, a típica jovem da cidade, esquecida, aluada e com um sentido de humor que prende o leitor desde a primeira página. A rapariga trabalha numa livraria denominada por "Biblioteca" (pois lá existe um enorme e raro espólio de obras) e passa os seus dias acompanhada do seu não tão simpático chefe, Raul Piolho. Tirando os pequenos azares criados pela falta de memória de Sara, a sua vida corre sobre rodas. Até ao dia em que um corpo é encontrado na Biblioteca e a vida da protagonista dá uma volta de 180º graus.

[ATENÇÃO AOS SPOILERS!!] 


Para começar, vê-se no meio de um conflito antigo que envolve tesouros perdidos e heranças de família; no meio de toda a confusão, começa a ser perseguida pelos autores do crime da livraria; encontra o amor da sua vida; descobre o segredo do seu chefe, e por causa disso passa a ser um alvo a abater. Sara começa a não se sentir segura em lado algum. E a sua jornada fica cada vez mais interessante a cada página que lê-mos. Todo o mistério que envolve o segredo de Raul Piolho cativa os leitores e deixa-os cada vez mais entusiasmados para chegar ao final do livro.
Na minha opinião, a personalidade de Sara é uma mais valia para o sucesso desta obra. É muito fácil identificar-nos com a rapariga, pois acredito que cada um de nós tem um bocadinho de uma Sara dentro de si, e isso facilita e muito a leitura desta história. Na verdade, tive mais dificuldade em adaptar-me à segunda parte do livro, escrita na 3ª pessoa, do que propriamente aos pensamentos e devaneios da protagonista jovem e extrovertida.
Relativamente ao romance presente no livro, que aparece de forma q.b, confesso que no início torcia por Hélio, apesar de sempre ter achado que algo de muito estranho se passava com ele. Toda a sua história me parecia irreal e bizarra. Ele mantinha vários segredos, que frequentemente me levavam a associá-lo ao assassinato da livraria. Mas até ter descoberto a verdade, tentei abstrair-me desses pensamentos. Por outro lado, Cláudio só me cativou, após a cena do jantar em casa de Sara, onde notei uma clara química entre os dois. No final, fiquei surpreendida pelo passado do interesse romântico da protagonista, e anseio uma sequela (ou uma prequela) acerca de Cláudio e a sua história. A partir desse ponto, nunca mais pensei em Hélio como um possível candidato ao lugar de "Homem da Vida de Sara".
O Drama é uma constante durante a maior parte do livro. Sara é raptada por Hélio e os seus capangas por várias vezes. Todas foram dolorosas, mas julgo que a última foi aquela que mais me tocou. A protagonista estava grávida do filho de Cláudio, e vê-se numa situação que pode comprometer a sua vida, bem como a vida do bebé. O que acaba por acontecer. Confesso que não fiquei surpreendida com o falecimento de Sara, pois o próprio título da obra anuncia uma morte. Porém, fiquei um pouco desiludida com o crescimento da personagem. É óbvio que as experiências traumáticas mudam o carácter de qualquer pessoa, e Sara não é excepção. Mas a jovem foi perdendo o seu brilho, o seu sentido de humor e as suas características próprias que tanto me fizeram apaixonar pela história. Em compensação, poder entrar na mente de Cláudio e das mais variadas personagens foi uma mais valia para a leitura, pois desta forma foi-me possível entender melhor a trama.
Para além de Cláudio e Sara, outras personagens marcaram-me, tanto pela positiva como pela negativa: Raul Piolho foi desvendando o seu carácter ao longo do livro, e revelou ser totalmente diferente daquilo que a protagonista descrevera no inicio da narrativa; a maior surpresa foi D.Rita, pois não estava à espera que fosse ela a autora de tamanha artimanha. Sempre pensei que a personagem representasse, apenas e só, o estereotipo das velhotas coscuvilheiras dos típicos bairros portugueses. Surpreendeu-me pela negativa, uma vez que para além de mesquinha e abelhuda, Rita mostra-se calculista e assume o papel da verdadeira vilã da trama - enquanto Hélio e os capangas são apenas peças no jogo da Dona do café do bairro; destaque ainda para o Inspector Rafael Nero, que usa o seu trabalho como forma de afastar os seus demónios pessoais, personificando estereotipo do detective bastante profissional e dedicado ao trabalho.
Todo o mistério cativa o leitor, bem como a invulgar trama. Infelizmente, ou felizmente, ainda não existem muitos livros como o de Vanessa Santos em Portugal, o que por um lado acaba por ser bom para a autora. Assumo-me como uma amante de histórias pouco prováveis e todo o cenário de Mors Tua, Vita Mea é improvável de acontecer no nosso cantinho à beira-mar plantado. Ainda mais na pequena cidade de Leiria. Esse foi outros dos pontos fortes do livro, poder ler uma narrativa que se passa num local familiar.
Aconselho este livro a todos os leitores que apreciam um bom mistério misturado com drama e policial, e acredito que Vanessa irá prosperar no mercado da escrita. Espero ver outra obra dela nas bancas, brevemente, pois esta jovem escritora apresenta-nos um trabalho muito promissor. Não tenho nada de negativo a apontar ao livro, mas acredito que esta opinião também pode conter algumas críticas constructivas, de forma a ajudar a autora a aperfeiçoar os seus trabalhos futuros. Julgo que teria sido mais dinâmico e cativante, dividir a história por capítulos mais curtos. Embora isso se verifique no Epílogo, na parte principal são poucas as pausas, o que pode ser um entrave à leitura da obra. Fora isso nada a apontar. Quando me contactou, a autora mostrou alguma preocupação em relação à falta de revisão do texto. No entanto, não me parece que isso tenha prejudicado em nada a história em si.
À Vanessa desejo toda a sorte do mundo, e espero ter conseguido ajudar na divulgação de uma obra que merece ser apreciada por mais leitores portugueses. Já alguém dizia: o que é nacional é bom. E é bem verdade!

Opinião Goodreads:

Ufa! Estava a ver que não conseguiria terminar este livro! 
Antes de mais, ESTOU DE VOLTA!! 
A razão pela qual demorei tanto tempo a terminar esta obra foi, como sempre, a faculdade. Mas agora que a acabei anseio por uma continuação! Gostei muito do mistério que envolve toda a história é a personalidade da protagonista Sara foi sem dúvida o ponto alto do livro! Vanessa Santos escreveu uma obra arriscada, à qual os leitores portugueses não estão muito habituados. Na pequena cidade de Leiria (não tão pequena assim. apenas não costuma ser o palco de tramas como esta) uma história de filme desenvolve-se. Para mim foi uma mais valia ter pegado neste livro e ver a minha capital de distrito com outros olhos. E pensar que o que se passou no livro poderia ser a realidade, pois nos tempos que correm tudo é possível! Adorei e recomendo vivamente se são adeptos de um bom mistério, com muito drama à mistura e um casal amoroso!! 

Ps. agradeço à Vanessa e à Chiado Editora por me terem proporcionado momentos de tão boa leitura (e por terem acabado com a minha ressaca literária, que já durava há 1 ano e 3 meses!!) Este é o primeiro livro que consegui terminar e fico contente por ter sido escrito por uma autora ainda pouco conhecida mas que tem muito potencial para prosperar na área da escrita!

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